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Jack Conte: por fãs verdadeiros, beleza e propósito na web
Foram muitas as dificuldades e os aprendizados na trajetória de Jack Conte, que passou de um músico que tocava com a então namorada - hoje esposa - em bares estadunidenses vazios, no inicio dos anos 2000, a co-fundador e CEO da Patreon, plataforma de monetização que fornece ferramentas de negócios para criadores de conteúdo executarem serviços de assinatura e venderem produtos digitais. Há 11 anos no mercado, a Patreon tem hoje mais de 250.000 creators, que se dividem em podcasters, criadores de vídeos, músicos, artistas e desenvolvedores de games.
Contando um pouco de sua história, em paralelo com as fases da internet, e falando do que o move para o futuro, Jack Conte fechou o ciclo de palestras de Innovation do SXSW 2024, na tarde desta sexta-feira, 15, em Austin. O tema: "Death of the Follower & the Future of Creativity on the Web".
Ele separou a internet em fases:
1990 - web 1.0. Uma internet estática, onde você apenas podia ler coisas. O exemplo de uma marca que representa este ambiente na época é o AOL (comprada pela Verizon em 2015 e pela Apollo em 2021).
2000 - web 2.0. O nascimento dos 'seguidores', quando as pessoas passaram a poder compartilhar conteúdos e chegar até outras pessoas. Facebook e Youtube estão entre as principais marcas desse momento da internet. "Essa fase mudou minha vida. As pessoas começaram a consumir minha música online e ir aos meus shows presenciais", lembra ele. Sua banda Pomplamoose virou um fenômeno no Youtube. Eles chegaram a vender sabonete com a marca, à partir de uma brincadeira da irmã dele, que entrou no meio de uma gravação deles oferecendo o produto, e eles mantiveram no ar. Em novembro de 2010, a Pomplamoose lançou um álbum online de Natal que só podia ser adquirido por quem doasse um livro para uma escola charter da California, que são escolas gratuitas, com financiamento público, mas administradas de forma independente e que conta com muito envolvimento da comunidade). Foram arrecadados mais de 11 mil livros. Além disso, começaram a ver a conta bancária engordar. E, segundo ele, o que movia seu negócio, embasado na década dos seguidores, eram os fãs de verdade, como batizou. Mas uma nova década estava para começar.
2010 - era do ranking. Os algorítimos definiam o que era mostrado para quem. Posts com menos engajamento caiam no ranking e não apareciam mais, sendo trocados por conteúdos de maior engajamento. "Assim, nem sempre meus fãs de verdade receberiam meu conteúdo", recorda Jack Conte. As marcas principais dessa era são Facebook e Instagram. .
2020 - chega o TikTok e você não escolhe mais o conteúdo que consome: eles te oferecem, você assiste."Voltamos ao passado, vivendo a era da morte dos seguidores".
Com o fim da bonança de ter canais com caminhos abertos para encontrar seguidores e criar uma comunidade, os criadores de conteúdo passam a sofrer novamente para divulgar e monetizar seu trabalho. Não apenas os criadores pequenos, mas também as grandes empresas de mídia, com investimento e equipes especializadas trabalhando nisso. "A era dos seguidores é muito importante e, como CEO de uma plataforma como a Patreon, assumo a responsabilidade de não deixá-la morrer, e criar o tipo de internet que eu quero ter como criador de conteúdo" , diz Jack Conte, que deixa três conselhos para os criadores de conteúdo que pensam como ele:
"1- Invista com qualidade e profundidade nos seus fãs verdadeiros. Eles são o centro e o coração do seu negócio. Não se preocupe com quantidade para criar comunidade.
2- Produza o belo. O mundo está cheio de coisas nos puxando para baixo, não caia nessa. Lembre-se do que te levou a ser um criador de conteúdo.
3- Saiba exatamente o que você quer, o que te move, e lembre-se disso sempre. Não siga o que vão te pedir para fazer, pois isso é o que os outros querem, não você. Há algo que existe só dentro de você, baseado na sua experiência que é única. Trabalhe muito para isso."
A cobertura do SXSW 2024 pelo Clubeonline é um oferecimento exclusivo da Corazon Filmes (@corazonfilmes).