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10 tecnologias disruptivas; e entre elas uma provocação
Entre as 10 tecnologias disruptivas está o Apple Vision Pro, que tem como grande diferencial sua altíssima resolução. Crédito - Divulgação
Um dos mais aguardados do primeiro dia da 38ª edição do SXSW, o painel “10 Breakthrough Technologies of 2024”, da MIT Technology Review (plataforma multimídia que surgiu como uma revista), começou com uma defesa do jornalismo. Elizabeth Bramson-Boudreau, publisher e CEO da empresa, que pertence ao MIT, mas que depende de outras fontes de receita, comentou que, ao longo dos anos, os editores e repórteres têm se empenhado em responder o que a tecnologia tem feito pelas pessoas.
Desde 2001, a lista das dez tecnologias mais disruptivas do momento tem sido elaborada, dando destaque a temas como Inteligência Artificial, robótica, biogenética, computação quântica. O que não deve ter despertado a atenção de muita gente, disse Elizabeth, foi o colapso da imprensa. “Estou falando com base em dados reais. Caminhamos para um evento como a extinção do jornalismo?”, perguntou. E fez menção à redução drástica do time de profissionais da National Geographic e ao fim da Popular Science.
Elizabeth acrescentou que o dinheiro da publicidade digital foi “engolido” pelas big techs e, com isso, a verba que existe não é suficiente para financiar o jornalismo. Entre os mais afetados estão veículos independentes e especializados, como os de ciências. Resultado? O público cada vez menos informado. Uma pesquisa recente do Pew Research Center mostrou que há um número menor de norte-americanos que acreditam que a ciência teve um impacto positivo na sociedade.
“É extremamente importante, obviamente, termos uma sociedade informada, se quisermos enfrentar os grandes desafios que temos. Estou falando de coisas como mudanças climáticas e IA. E estou falando sobre tomar as decisões corretas a respeito de como sistemas assim vão funcionar. Temos grandes problemas e precisamos enfrentá-los como um coletivo, como sociedade”, afirmou Elizabeth.
Parte das tecnologias destacadas neste ano passam por essa questão. Afinal, como a publisher explicou, nem toda tendência é positiva.
A lista está organizada desta forma (ela pode ser conferida com mais informações aqui):
1. IA para tudo
2. Células solares super eficientes
3. Apple Vision Pro
4. Remédios para perder peso
5. Sistemas geotérmicos aprimorados
6. Chiplets (circuitos integrados que compõem um chip)
7. Tratamento médico com edição genética
8. Super computadores de exaescala
9. Bombas de calor
10. Assassinos do Twitter
As tecnologias, em detalhes
Sobre a IA, Elizabeth brincou que não chega a ser surpresa ver a tecnologia na lista da MIT Technology Review. E ela lembrou: no SXSW a inteligência artificial também será onipresente. Mas é como aponta a publicação: vivemos a era da IA. “Centenas de milhões de pessoas interagiram diretamente com ferramentas generativas como ChatGPT, que produzem textos, imagens, vídeos e muito mais a partir de prompts. Sua popularidade remodelou a indústria de tecnologia”. A OpenAI virou um nome familiar para todos e obrigou as big techs – Google, Meta e Microsoft – a investir pesadamente no conceito. Mais do que vinham fazendo. O problema? A IA generativa traz muitos vieses. E isso não é de fácil resolução. E, além disso, tem um efeito sobre o meio ambiente - o que não é muito percebido. Ou seja, ainda teremos de trabalhar muito para ver esses problemas resolvidos.
As células solares mais eficientes são uma tendência em um mundo em que a energia solar se populariza. No entanto, parte dessa luz não é convertida em eletricidade. Agregar uma pequena camada de cristais nessas células pode tornar essa captação mais eficiente.
Lançado neste ano, o Apple Vision Pro representa uma “grande diferença” em relação aos dispositivos que o antecederam, como o Google Glass e o Hololens, salientou Elizabeth. Dona de um conhecimento importante sobre o consumidor de tecnologia, a companhia acertou em um ponto matador: a tela com a mais alta resolução já feita para um óculos de realidade mista.
Com o aumento da obesidade no mundo, crescem as vendas de medicamentos como Ozempic, da Novo Nordisk. O produto é indicado para o tratamento de diabetes, mas chamou atenção seu efeito sobre a redução de peso. Outro remédio do laboratório que também emagrece e que tem como princípio ativo a semaglutida, Wegovy, é mais um que faz sucesso.
Dentro do tema energia, a geotérmica merece destaque. Ela vem do interior da Terra e é considerada ilimitada. No entanto, existem desafios de engenharia para que possa ser aproveitada. Nesse caso, mal arranhamos a superfície do que esse sistema pode oferecer. Novas técnicas de perfuração, que escavam mais profundamente e em locais onde antes não conseguíamos, são o caminho para expandir essa área.
A indústria de computadores está buscando maneiras de tornar os equipamentos mais rápidos e eficientes. Para isso, é necessário investir em chiplets, que são chips pequenos e especializados que podem ser interligados para superar a capacidade de um chip comum. E também é fundamental que a produção seja mais barata.
A primeira vez que o relatório da MIT Technology Review citou uma ferramenta de edição genética chamada CRISPR foi em 2013. Ela retorna agora com novo foco. Em dezembro, o FDA aprovou um tratamento baseado em CRISPR do laboratório Vertex. O produto é dirigido para combater a doença falciforme, que afeta a hemoglobina. Para isso, o composto age sobre um gene ligado à produção da hemoglobina.
O que representa um computador de exaescala? São máquinas capazes de executar um exaflop, medida de desempenho que pode ser comparada ao trabalho de 100 mil laptops combinados. Esses supercomputadores são os mais rápidos do mundo e agora podem realizar mais cálculos do que um exaflop. Uma dessas maravilhas da tecnologia é o Frontier, da Oak Ridge Leadership Computing Facility (OLCF), dos EUA. Esses equipamentos vão permitir o processamento de dados em alta velocidade, fazendo simulações mais sofisticadas do clima, da fissão nuclear e da turbulência, entre outras aplicações (veja um vídeo abaixo).
Falando de meios de reduzir as emissões, as chamadas bombas de calor podem ajudar. Elas são aparelhos elétricos que podem diminuir a temperatura de edifícios ou aquecer a água de piscinas. Esses dispositivos funcionam com ciclos termodinâmicos. As vendas aumentaram em todo o mundo. Nos EUA, ultrapassaram os fornos a gás pela primeira vez. Novos modelos podem ajudar a descarbonizar a indústria.
O último item da lista talvez não agrade Elon Musk, que comprou o Twitter em 2022 e o transformou no X. Desde então, a rede virou motivo de diversas queixas. Musk demitiu a maior parte da equipe e dispensou a moderação de conteúdo, o que espantou anunciantes e usuários. Com isso, uma parte deles, os usuários, buscou alternativas como Mastodon. Além disso, surgiu o Threads, da Meta. Se a concorrência vai atrapalhar o negócio? Elizabeth contou que, na visão de alguns dos editores da publicação, as novas redes que surgem não são o verdadeiro assassino do antigo Twitter. Quem responde por isso é o próprio Musk.
Elizabeth trouxe mais quatro itens para que seja escolhida a 11ª tecnologia da lista. São os seguintes: robotáxis (veículos autônomos que chegam quando você liga), baterias térmicas (sistemas que armazenam energia limpa na forma de calor e que poderiam ajudar a descarbonizar a indústria), carne cultivada em laboratório (frango feito a partir de células cultivadas já está à venda em alguns restaurantes nos EUA), Starship da SpaceX (este foguete reutilizável pode tornar muito mais barato o lançamento espaçonaves).
Veja a lista do ano passado aqui.
A cobertura do SXSW 2024 pelo Clubeonline é um oferecimento exclusivo da Corazon Filmes (@corazonfilmes).