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Tokyo 2020

COB x CBF: contrato não respeitado e disputa na mídia social

09.08.21

Um imbróglio no marketing esportivo agitou os últimos momentos da participação brasileira nos Jogos de Tóquio e promete ter novos capítulos por mobilizar marcas globais e entidades locais. No sábado, a seleção brasileira venceu a Espanha na decisão do futebol masculino (por 2 a 1). A cena no pódio, com os jogadores evidenciando o uniforme da CBF, que tem contrato com a Nike, e não o do Time Brasil, acordado com a marca chinesa Peak Sports, deve levar o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) a acionar na Justiça a entidade que rege o futebol no país.

Parte dos atletas da seleção desembarcou em São Paulo nesta segunda-feira, 09, e, instados a comentar sobre o assunto, pediram que a questão ficasse com a CBF. Somente Daniel Alves, capitão do time, acrescentou algo ao chegar ao país, porém muito pouco. “Esses pequenos detalhes quem tem de resolver vai resolver. Estamos muito felizes por trazer a medalha para o Brasil”, declarou aos jornalistas.

No pódio, os jogadores estavam com a blusa do uniforme da Peak amarrada na cintura. Ou seja, todos levaram a peça, porém a marca não foi exibida na TV. O episódio provocou no domingo, 08, uma manifestação dura do COB, repudiando a atitude da CBF e dos jogadores da seleção durante a cerimônia de premiação.

O documento diz: “No momento, as energias do Comitê estão totalmente voltadas para a manutenção dos trabalhos que resultaram na melhor participação brasileira na História das Olimpíadas.

Por este motivo, apenas após o encerramento dos Jogos, o COB tornará públicas as medidas que serão tomadas para preservar os direitos do Movimento Olímpico, dos demais atletas e dos nossos patrocinadores”.

A Peak foi à mídia social para comentar a quebra de contrato. Em um post publicado no Facebook, a marca deu parabéns ao Brasil pela conquista do ouro no futebol masculino. Em seguida, deixou claro que não gostaria de ver a cena no noticiário do dia seguinte.

A marca chinesa revelou que surgiram boatos na esteira do episódio. “Afirmamos que é boato que a Nike é uma submarca da Peak e que somos a mesma companhia. Aqui confirmamos que somos diferentes empresas e que não tivemos intenção de combinar a camisa deles com as calças Peak, negando esse boato louco. Alguém será responsabilizado por isso que coloca a Nike em situação embaraçosa. Nós somos a Peak. Eles são a Nike. É nossa a cerimônia de pódio do time de futebol. Esperamos agora que esteja claro. De qualquer modo, os atletas estão de parabéns”.

A CBF ainda não se manifestou.

Fornecedora do Time Brasil até 2024, quando acontecem as Olimpíadas de Paris, a Peak pode cancelar o acordo, entre outras medidas. Nos Jogos do Rio, em 2016, a Nike fez contrato para fornecer os uniformes, mas ela não renovou o patrocínio.

A companhia chinesa produziu 39 mil peças para a delegação, entre agasalhos, camisetas, tops, bonés, bolsas e calçados. São roupas para serem usadas nas viagens, nos pódios e em cerimônias oficiais. Fora dessas situações, as confederações podem usar uniformes com as marcas de seus patrocinadores. A Peak é fornecedora ainda dos Comitês Olímpicos da Eslovênia, Islândia, Nova Zelândia, Romênia e Ucrânia.

O pódio polêmico ganhou evidência na mídia social, com atletas fazendo críticas à atitude dos jogadores e da CBF. O nadador Bruno Fratus, medalha de Bronze na Tóquio 2020, republicou um post no Twitter afirmando que a mensagem da seleção de futebol foi clara: “não fazem parte do time e não fazem questão. Também estão completamente desconexos e alienados das consequências que isso pode gerar a inúmeros atletas que não são milionários como eles”.

O post foi apagado, porém ele republicou outro tweet, de Poliana Okamoto. Nas palavras da maratonista aquática, o que o futebol fez foi feio para o Brasil. “A punição vai pro COB, não para a CBF”.

No Instagram, Daniel Alves rebateu, afirmando que respeita as opiniões de atletas de outras modalidades. “Porém tem coisas que nós também não aceitamos”, disse. “Não queremos ser diferentes de ninguém, mas não aceitamos algumas imposições. Favor quando forem exigir alguma coisa pros seus esportes, respeitar o nosso…. Até mesmo porque prezamos para que haja igualdade dentro das modalidades ou pelo menos um equilíbrio."

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