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Greenpeace critica Dove por 'influência tóxica' de resíduos plásticos
O Greenpeace do Reino Unido está acusando a Dove (da Unilever) - que lançou a campanha "Real Beauty" há duas décadas - de contradizer sua mensagem de proteger mulheres e meninas, ao contribuir para o desperdício de plástico que prejudica tanto elas quanto o meio ambiente.
Há dois anos, Dove lançou uma campanha publicitária intitulada "Toxic Influence" (leia e veja aqui) que mostrava mães e filhas confrontando conselhos de beleza prejudiciais que são comuns nas mídias sociais. É um tópico importante e recebeu elogios generalizados por abordar a questão e gerar conversas vitais.
Agora, o Greenpeace está levando esse diálogo adiante, acusando a Dove de "hipocrisia" por contribuir para a poluição plástica, que, segundo a ONG, também afeta negativamente mulheres e meninas em todo o mundo. Para reforçar esse ponto, o grupo ativista lançou um filme (assista abaixo) que reflete o comercial criado pela Ogilvy, mas com uma reviravolta crítica.
Dirigida pela cineasta Alice Russell, a peça apresenta pares de mães e filhas conversando. Cada uma começa discutindo suas reações positivas ao marketing da Dove antes de serem confrontadas com estatísticas e informações sobre o impacto do lixo plástico. Anna Wells assina a produção e Sarah Cunningham a direção de fotografia.
O projeto surge depois que o Greenpeace revelou a campanha "Real Harm" no final do ano passado com uma série de ativações ao ar livre na porta da sede mundial da Unilever em Londres. Uma delas incluía uma enorme embalagem de sabonete com a marca Dove transformada em um pássaro morto.
Na semana passada, os ativistas mais uma vez foram às ruas para fechar as entradas do prédio, trancando-se em barricadas feitas para parecerem produtos gigantes da Dove. Eles desenrolaram uma enorme faixa com a mensagem "‘Real Beauty isn’t this toxic" e pediram à marca que abandonasse o uso de plástico.
“A Unilever é uma das maiores poluidoras de plástico do mundo e é a maior vendedora desses sachês de plástico altamente poluentes, que estão causando impactos terríveis em comunidades ao redor do mundo”, declara Anna Diski, do Greenpeace UK, ao The Drum. “Eles produzem 1.700 deles a cada segundo. A Dove se promove como uma força para o bem, empurrando essa mensagem de empoderamento feminino e cuidado com o planeta, mas a verdade é que ela está produzindo dezenas de bilhões de pedaços de plástico de uso único todos os anos. Consideramos isso hipócrita”, completa.
A Unilever, em sua defesa, diz que sua ambição é acabar com a poluição plástica “por meio da redução, circulação e colaboração”.
Um porta-voz disse ao The Drum: “Nossa ambição na Unilever é clara: colocar um fim à poluição plástica por meio da redução, circulação e colaboração. Reconhecemos o papel importante que desempenhamos para ajudar a tornar essa ambição uma realidade – e é por isso que o plástico é uma das nossas quatro prioridades de sustentabilidade.
Já reduzimos nosso uso de plástico virgem em 18% e aumentamos nosso uso de plástico reciclado para 22%, reconhecidos pela Ellen MacArthur Foundation como uma das empresas que mais progrediram para reduzir sua pegada de embalagens plásticas virgens.
No entanto, nosso trabalho está longe de terminar. Nossas metas atualizadas de plástico estão se expandindo e focando nas áreas que sabemos que terão mais impacto, como continuar a reduzir nosso uso de plástico virgem e desenvolver alternativas para embalagens plásticas flexíveis difíceis de reciclar, como sachês plásticos.
Estamos totalmente comprometidos em trabalhar com parceiros da indústria e outras partes interessadas para desenvolver alternativas viáveis e escaláveis que reduzam o desperdício de plástico. Mas superar um desafio dessa escala exigirá mais mudanças sistêmicas. É por isso que pedimos um tratado da ONU sobre poluição plástica que estabeleça regras globais juridicamente vinculativas e aborde todo o ciclo de vida do plástico.”
O Greenpeace criou o projeto internamente e buscou com que ele se parecesse, quadro a quadro, exatamente como o filme da Dove. Diski afirma que, embora sua equipe tenha feito campanha sobre essa questão nos últimos 10 meses, a Unilever "se recusou a tomar as medidas necessárias" para enfrentar essa questão. A ONG enfatizou que tentou falar com a empresa durante todo esse processo e só lança filmes desse tipo como "último recurso".
Leia a matéria do The Drum na íntegra, aqui.
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