World Press Photo

A World Press Photo anunciou os vencedores da sua 67ª premiação, que reconhece os melhores trabalhos do fotojornalismo no mundo. Foram pouco mais de 61 mil inscrições, feitas por  3.851 fotógrafos de 130 países. O título de Photo of the Year ficou com “A Palestinian Woman Embraces the Body of Her Niece”, do palestino Mohammed Salem, da agência Reuters.

A foto mostra Inas Abu Maamar, de 36 anos, embalando o corpo de sua sobrinha, Saly, de 5 anos, morta quando um míssil de Israel atingiu sua casa, na Faixa de Gaza. No ataque, morreram também a mãe de Saly e sua irmã.

Mohammed, que vive na região, contou que fez essa imagem poucos dias após o parto de sua esposa. Ele descreveu a cena como um “momento poderoso e triste que resume o sentido mais amplo do que estava acontecendo na Faixa de Gaza”.

Segundo o júri, a foto evoca uma reflexão emocional em cada pessoa que a vê. É composta com cuidado e respeito e oferece “uma visão metafórica e literal de uma perda inimaginável”.

Para a chair do júri global e chefe de fotografia do jornal The Guardian, Fiona Shields, todas as imagens vencedoras têm o “poder de transmitir um momento específico, ao mesmo tempo que ressoam além do seu próprio tema e tempo. A Foto do Ano resume esse impacto: é incrivelmente comovente e é, ao mesmo tempo, um argumento a favor da paz, algo extremamente poderoso quando a paz pode parecer uma fantasia improvável”.

Fiona afirmou que muitos fotógrafos estão atualmente trabalhando em circunstâncias realmente desafiadoras. “Por isso, este ano, queríamos garantir que estávamos aplaudindo toda a amplitude dos trabalhos apresentados", completou.

Outros ganhadores deste ano são:

Story of the Year - Valim-babena (Em Madagáscar, a falta de sensibilização do público em torno da demência faz com que as pessoas com esses sintomas sejam frequentemente estigmatizadas. A fotógrafa acompanhou a rotina de uma família)
Lee-Ann Olwage (África do Sul) - GEO

Long-Term Project Award - The Two Walls (Desde 2019, o México aplica rigorosas políticas de imigração. Essa temática é o centro desse trabalho, que tem como base aa própria experiência do fotógrafo, que saiu da Venezuela rumo ao México em 2017. O projeto foi iniciado em 2018)
Alejandro Cegarra (Venezuela) - The New York Times/ Bloomberg

Open Format Award - War Is Personal (A fotógrafa criou um site pessoal que reúne fotojornalismo, documentário e diário para mostrar como é viver tendo a guerra como realidade cotidiana)
Julia Kochetova (Ucrânia)

Na premiação regional, dois brasileiros foram destaques na competição para América do Sul.

Na categoria Single, a foto vencedora é “Drought in the Amazon” (Seca na Amazônia), de Lalo de Almeida, para a Folha de S.Paulo. Na imagem, um pescador caminha pelo leito seco de um braço do rio Amazonas, em Porto Praia, na região de Tefé (AM). O registro é de 13 de outubro de 2023. No ano passado, a Amazônia sofreu sua pior seca em muitos anos. Ela impactou comunidades indígenas, rurais e ribeirinhas. Porto Praia não tem acesso rodoviário. A seca fez com que os moradores da comunidade tivessem de andar quilômetros ao longo do leito seco do rio, mostrando a gravidade da crise climática.

Recebeu Menção Honrosa “Insurrection” (Insurreição), de Gabriela Biló, também para a Folha de S. Paulo. A foto mostra apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadindo o Palácio do Planalto, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023. A organização do World Press Photo observou que, enquanto cobriam a invasão, jornalistas foram alvo desses apoiadores, como muitos ficando feridos e outros sendo obrigados a apagar imagens. Alguns profissionais tiveram seus equipamentos roubados para impedir a documentação do evento. “Este projeto é um testemunho contra o desafio à integridade e à liberdade jornalística”.

Confira mais detalhes dos premiados e veja outros vencedores regionais aqui.